pokerstars

Paulo Chaccur

Paulo Chaccur

Só para assinantesAssine pokerstars
Opinião

pokerstars - Suplementos alimentares podem colocar o coração em risco?

Basta dar uma volta em praticamente qualquer farmácia para se deparar com uma seção inteira só de vitaminas e outros suplementos nutricionais. Tem de tudo: colágeno, creatina, ômega 3, ferro, cálcio, antioxidantes, probióticos, termogênicos, multivitamínicos...

Para comprá-los, de modo geral, não é preciso receita. No entanto, sair por aí fazendo um coquetel desses produtos sem orientação profissional e prescrição médica pode, além de ser um possível desperdício de dinheiro, arriscado para a saúde, inclusive do coração.

Do que estamos falando exatamente

Segundo a Anvisa, suplementos alimentares não são medicamentos e, por isso, não servem para tratar, prevenir ou curar doenças. A finalidade é fornecer nutrientes, substâncias bioativas, enzimas ou probióticos em complemento à alimentação.

São indicados, normalmente, para pessoas que apresentam alguma carência na ingestão, dificuldade de absorção, patologia ou aumento da demanda por alguma questão de saúde ou circunstância específica, como uma gestação ou a chegada à terceira idade. Há ainda entre aqueles que buscam ganhar massa muscular ou perder peso uma tendência à suplementação.

Os suplementos são encontrados em diferentes formas, como cápsulas, comprimidos, em pó ou líquido. Dentre os tipos mais comuns, estão:

  • vitaminas (entre elas C, D, B12 e os multivitamínicos)
  • minerais (como magnésio, ferro e cálcio)
  • proteínas (produtos à base de soro de leite, caseína, soja ou outras fontes)
  • ácidos graxos (isso inclui suplementos de óleo de peixe que contém ômega-3)
  • aminoácidos (a exemplo da creatina)
  • hormônios (a melatonina é um deles)
  • fibras
  • ervas
  • extratos de plantas

Os benefícios estão relacionados à substância ou ao microrganismo fornecido.

Como o coração pode se beneficiar da suplementação?

Associar um benefício específico em razão do consumo de determinada substância não é uma missão simples: é preciso comprovação científica. E nesse sentido, muitos dos estudos realizados até hoje sobre o tema apontam que os suplementos não são eficazes ou necessários para tratar ou prevenir doenças cardiovasculares, especialmente em pessoas saudáveis.

Continua após a publicidade

Pesquisadores do Johns Hopkins Medicine (EUA), por exemplo, analisaram ensaios clínicos randomizados envolvendo centenas de milhares de indivíduos, nos quais alguns receberam vitaminas e outros um placebo. Não foram encontradas evidências de melhoras significativas no caso das questões cardíacas.

Por outro lado, algumas pesquisas indicam que a suplementação pode contribuir e ter potenciais benefícios em determinados aspectos que envolvem a saúde do órgão, dependendo do tipo de suplemento e das condições clínicas de cada um.

O famoso ômega 3

Imagem
Imagem: iStock

De acordo com um levantamento publicado no Journal of the American College of Cardiology (EUA), uma possível exceção é o ômega 3 ou as cápsulas de óleo de peixe. Esse tipo de ácido graxo, encontrado em frutos do mar e peixes mais gordurosos como salmão, atum e sardinha, tem sido apontado como um aliado do coração: lubrifica as artérias, inibindo a formação de placas, e ajuda na prevenção ou tratamento de pressão alta, diabetes e arritmias.

Auxilia ainda no desenvolvimento e funcionamento cerebral e apresenta propriedades anti-inflamatórias. Para isso, duas porções de peixe por semana normalmente são suficientes. No caso de indivíduos com alguma condição especial (a exemplo da doença arterial coronariana) ou que não ingerem ou absorvem a quantidade necessária de ômega 3, os suplementos podem ser úteis.

Continua após a publicidade

Mais aliados do coração

Asvitaminas do complexo B são essenciais para a saúde cardiovascular:

  • a B1 ajuda a proteger o músculo cardíaco
  • a B3 contribui na redução dos níveis de colesterol ruim (LDL) e nas taxas de triglicerídeos, e também é importante para quem têm diabetes.

As vitaminas B9 e B12, por sua vez, auxiliam na remoção de moléculas presentes no sangue que causam danos às artérias.

A vitamina D está relacionada ao controle da pressão arterial e também à saúde das artérias.

A K2 desempenha papel relevante na regulação do cálcio, o que pode afetar a saúde dos vasos sanguíneos e do coração.

Continua após a publicidade

O magnésio é outro exemplo. Nesse caso, trata-se de um mineral essencial na regulação da pressão e na função cardíaca.

Outro exemplo são os antioxidantes, caso da vitamina C. Substâncias que têm a capacidade de proteger as células do coração contra os efeitos dos radicais livres e o envelhecimento precoce, bem como manter as concentrações de colágeno e elastina, que em boas quantidades evitam a ruptura de coágulos e a formação de placas nos vasos sanguíneos.

Por fim, podemos destacar os fitosteróis, compostos naturais semelhantes à gordura encontrados em plantas que atuam para reduzir os níveis de colesterol ruim no sangue.

Não vale a troca

Imagem
Imagem: Chinnapong | Shutterstock

Em todos os casos (e isso inclui outros suplementos não listados aqui), a suplementação, como o próprio nome diz, não deve ser vista como substituição. Ou seja, suplementos não devem dar lugar aos alimentos naturalmente ricos nessas substâncias. Os alimentos são a melhor fonte de nutrientes que organismo —e o coração— precisa.

Continua após a publicidade

O uso desses produtos no lugar das refeições gera monotonia no consumo alimentar e possíveis deficiências nutricionais (de itens que o suplemento não fornece) ou ainda dificuldade em absorver nutrientes por excesso de outros que possuem mesmo local de absorção (os nutrientes podem competir entre si).

Além disso, o consumo deve ser feito com cuidado, tendo em vista que alguns suplementos ou o reforço vitamínico exagerado e sem a correta orientação podem resultar em efeitos colaterais indesejáveis e trazer prejuízos ao funcionamento do corpo, potencialmente colocando o coração e a saúde em risco.

Uma lista de problemas

Uma pesquisa divulgada por especialistas da Suíça revela, por exemplo, que os suplementos de cálcio aumentam o risco de ataque cardíaco, efeito parecido, inclusive, com o provocado pelo excesso de vitamina D. Com o uso de suplementos de carboidratos é possível alterar padrões de glicemia de diabéticos e aumentar a resistência insulínica.

Normalmente consumidos por quem deseja perder peso ou melhorar o desempenho, os termogênicos, especialmente aqueles que contêm estimulantes como cafeína, guaraná ou outros ingredientes ativos, também precisam ser tomados com cautela.

Isso porque estimulam o metabolismo e podem aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial. O uso excessivo ou inadequado desses suplementos leva a palpitações, arritmias e hipertensão.

Continua após a publicidade

Outra substância amplamente vendida como suplemento é a melatonina, em especial por sua ação de indução do sono e atuação no processo de envelhecimento. Porém, novamente, é preciso atenção particularmente por sua extensa interferência no organismo, uma vez que participa da regulação do metabolismo e interage com vários sistemas do corpo, como o cardiovascular, imunológico, reprodutor e o nervoso central.

Entre os efeitos adversos de uma suplementação sem critérios e mal feita, podemos citar:

  • intoxicação
  • sobrecarga de órgãos responsáveis pelo metabolismo (como coração, fígado e rins)
  • cálculo renal
  • dores de cabeça
  • fadiga
  • insônia
  • sonolência
  • tontura
  • náusea
  • ansiedade
  • irritabilidade
  • alergias
  • reações gastrointestinais
  • desenvolvimento de intolerância ou má absorção de determinados nutrientes
  • sangramentos
  • danos musculares
  • alteração na eficácia de medicamentos de uso contínuo
  • entre outros

Outras recomendações

Portanto, é fundamental que qualquer decisão de usar suplementos seja tomada com base na orientação de um nutricionista ou médico. Passar pela avaliação de um especialista permite verificar se realmente é preciso tomar suplementos, qual a dosagem apropriada e se eles são seguros, especialmente para aqueles que apresentam certas condições, doenças ou fatores de risco preexistentes ou fazem o uso de medicamentos de forma contínua.

Alguns grupos, como grávidas, lactantes, crianças e idosos, têm necessidades nutricionais específicas e podem estar mais vulneráveis aos riscos associados à suplementação inadequada. Assim, os benefícios da suplementação nutricional variam de pessoa para pessoa e dependem de diversos fatores, como a qualidade da dieta alimentar, o estilo de vida, a genética e as condições de saúde individuais.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pokerstars

Veja também

Deixe seu comentário

Só para assinantes
pokerstars Mapa do site